Deixar-se levar pelas aparências nos torna mais frios. Empurrar
o orgulho de lado e estender a mão para ajudar alguém, nos torna mais próximos
de Deus. Mas ninguém é absolutamente bom ou ruim sobre a face da terra. Temos
nossas quedas e elevações, e só diferimos uns dos outros por fazermos mais mal
do que bem ou vice-versa. Entende? Na verdade, somos ótimos mesmo em acusar os
outros. Nesse quesito, todo mundo tira nota dez, esteja você na escola ou não. Virar
esse dedinho para nós mesmos.. aiai.. Aí fica difícil.
Presidiários, drogados, ladrões, não são pessoas más. Mas
aprendemos a criar medo, repulsa e nojo deles. Por que, se são humanos como
nós? Na verdade, só optaram por um caminho que definimos como mal. Matar uma
pessoa é ser mal, estuprar uma pessoa é ser mal, roubar, furtar, não importa.
Tudo isso é ser mal. E metem cadeia neles. Mas ainda assim, por incrível que pareça,
por mais que algumas pessoas duvidem, - eu também já duvidei- eles têm
qualidades. Têm seu lado anjo, embora seja difícil para nós, humanos, enxergar
isso numa situação como essa. Alguns desenham simbolicamente bem, sabem lidar
perfeitamente com pessoas, tratar bem um idoso, amam sua família e têm uma gana
enorme para ser empreendedor. No entanto, um determinado ato o classificou
assim, e o pôs para detrás das grades. Fez errado? Fez. Mas gente, quem não
comete erros?
Quem de nós saberia classificar o bem?
Virar a cara para uma
pessoa é errado. Invejar é errado. Vamos para a cadeira por isso? Não, não
vamos. E graças a Deus, senão, infelizmente, todos nós estaríamos presos. Temos
culpa disso? Não, afinal somos humanos. Erramos por natureza. Temos remédio
para isso? Não, não temos. E às vezes, paro para refletir se a cadeira
realmente seja um lugar para melhorar um ser humano.
A verdade é que não há como definir uma pessoa. O problema
está nas concepções do mundo que adquirimos ao longo de nossa vida. Não
nascemos com preconceito, mas aprendemos a cultivá-lo com o passar do tempo. A
sociedade já nos impõe dados: se fizer isto, está certo, se fizer aquilo,
errado. E quem de nós contraria isso? Grande maioria não. Aprendemos isso e
deu, ninguém se importa muito em trabalhar a cabeça nesse sentido.
Mas, bem ou mal, nenhum de nós é santo ou malvado por
natureza. Temos altos e baixos, e é muito da cabeça de cada um, do momento
vivido, fazer o bem ou o mal. Eu, por exemplo, aprendi de berço que roubar é
errado, condenar alguém é errado, matar alguém é errado. Minha mente crê nisso
piamente. Mas há pessoas que não pensam assim,
ou simplesmente, não exatamente da mesma forma. Matam por amor, roubam pelos
filhos, condenam por ambição. Quem de nós tem razão? Sem dúvida, minha sanidade
diria que eu. Mas lá estaria eu julgando de novo. E, verdade seja dita, também
tenho meu lado mal.
Mesmo que não seja capaz de matar uma mosca, gananciar,
brincar maldosamente, responder mal aos meus pais já é um indício do mal dentro
de mim. Independentemente do que você fizer, você sempre estará certo para
alguns e errado para outros. A não ser que não faça absolutamente nada. Mas aí,
qual é mesmo teu sentido de viver?
O que prezo é por vitórias sem pessoas prejudicadas,
derrotas sem cabeças perdidas e sonhos com tapa-olho para os invejosos. Independente do que desejar fazer, faça com
amor, e pensando se é o bem. É claro que não nos damos ao tempo disso, mas
certamente, você lembrará bem de seus pais neste momento, e o que te ensinaram
a respeito. Como não são palpáveis, o bem e o mal sempre serão incógnitas
difíceis de anunciar. O que importa é o que desejamos deles para nossa vida, e
saber o que colheremos para ela, dependendo das decisões que resolvermos ter.
Ao fim, nem eu sei de nada, nem você. Mas de qualquer forma,
acreditarei nessa teoria e será isso que me manterá viva, com fé na humanidade,
e bem, um mínimo de persistência nesse meu amar. Tentarei fazer o máximo do
melhor que tenho e mim e também, o mínimo do pior que me possuir. Afinal, todos
nós temos nossos dois lados, não é mesmo? Tudo bem, acho que você já entendeu.
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