sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A GENTE SE ENCONTRA POR AÍ

Quando eu souber o que é amar, talvez eu vá dar um toque para você.
 Mas não espere que eu ligue, será um toque, e se eu tiver vontade mesmo de fazê-lo, será bem sutil. Ainda estou em regalias com meu ego.
 Não espere estar com os amigos para rir e mostrar a tela do seu celular quando meu nome aparecer e vibrar. Isso não vai acontecer.
 A relação com meu coração está sendo bem discutida, e se não percebe, a com o seu também está. Prepare-se para surpresas, ou não.
 Não tente me mandar flores ou chocolate nesse meio tempo para me acalmar. Sim, você sabe que sou louca por isso, mas num momento como esse, vou entender erroneamente como uma tentativa de compra. Então, não o faça. Acredite, não vai funcionar. Nem isso nem as mensagens meladas para me atormentar. Se eu estivesse precisando aumentar minha glicose, me suicido melhor com um pote de mel.
 Tudo o que eu preciso é de um tempo. Não de você- não confunda sentimentos com encontros ou pessoas, faça-me o favor - nem de ninguém.
 Preciso de um tempo para mim, para respirar, para repor as energias. Um tempo com a minha própria solidão.
Descobri que, às vezes, é preciso ouvi-la.
 E Deus e eu saberemos o que fazer depois. Então, por favor, não se preocupe comigo.
 Eu estarei me alimentando bem, deitada em minha rede na minha casa ou na de uma alvenaria alugada.
 Eu estarei bem, com meu exemplar de uma garota em reconstrução bem resolvida em mãos, pondo-a em prática.
 Feliz, sorridente e encantada com minha própria capacidade de revolução.
 Com cookies integrais ao lado e saídas ilimitadas ao museu, teatro, cinema, forró e pagode.
 Eu me tomarei como mulher de fato, e não depender de você para tudo será a maior prova disso.
 E a gente vai se vendo. Quem sabe nos demos umas piscadinhas, algum dia desses.
 Mas por enquanto, seja muito feliz.

 E, como diz o ditado, até breve. A gente se encontra por aí.


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

UM NOVO CORTE DE CABELO + UMA DICA DE TEMPERO NA VIDA


Mude algo na sua vida. Pode ser um canto de seu quarto, um sonho, um trajeto, um pensamento, o corte do cabelo. Isso clareia a vida, te liberta da zona de conforto, te dá imaginação, menos cabelos brancos, mais endorfina. Mude algo em sua vida e seja menos prisioneiro do medo, do cotidiano, das confusões e percalços que surgem volta e meia e sem você querer. Se alguém te puxa para baixo, por que ficar lutando e perdendo seu tempo tentando chegar à superfície? Liberte o cordão dela. Simples. Ela se vai adiante, e você nunca precisou estar amarrada a ninguém para chegar onde deseja.
A dica é super válida, né?


Mas confesso que mesmo falando manso e bonito assim, boa parte da minha vida foi mergulhada na tranqüila cidade pacata da mesmice. Talvez isso fosse bom para eu mexer os pauzinhos e sair em busca do meu sonho, mas de certa forma, quando eu era mais nova, eu nem sabia o que era isso. Mudar era o que mesmo? Também pudera: Meu quarto era dividido com a irmã, nossa cidade era pequena, andávamos sempre a pé. Minha primeira grande viagem foi aos 15 anos, para o Beto Carrero World (pensem numa emoção!), e comprei meu primeiro computador pouco antes de entrar para a faculdade. Esse aliás, foi meu primeiro grande passo na vida. Trabalhei desde os 12 anos cuidando de crianças, fazendo doces, trabalhando em lojas, e com calçados. Uma legítima faz-tudo na vida, que me ensinou muito sobre batalhar pelos nossos sonhos e dar valor ao nosso valioso e suado dim-dim. A primeira grande aquisição -o computador J- veio novinho em folha e à vista (óóó!) Sim! Me orgulho bastante disso até hoje porque foi totalmente pelo meu mérito, visto que não haviam abonos salariais nem mesadas naquela minha época (nem nunca, em resumo.) :P
E depois disso, várias mudanças foram se incrementando: veio a maturidade, a responsabilidade, o primeiro beijo (ta ok, esse foi antes da faculdade. Faça-me o favor, Vanessa!), o primeiro namoro e decisões complicadas quanto ao que fazer da vida, como sobreviver e comprar o pão de cada dia. Brincadeiras à parte, o pão ainda vem de casa, mas pouco a pouco vou seguindo em direção à total independência. Viva! Mas questões como emprego, futuro e planos de carreira já eram levados muito a sério quando eu ainda tinha 19. Trabalhei como colunista em três jornais, saí para a cidade grande sem saber ao certo como me deslocar ou como não me perder, e bati perna atrás de meu sonho sem pensar se daria certo ou não. Numa bela segunda-feira, depois do meu serviço, peguei minha recém-tirada carteira e fui atrás do jornal da cidade vizinha para me apresentar. Levei alguns textos de faculdade, outros de colunas que havia escrito, e bati na porta toda cara de pau. Eu estava aí para tentar, não era mesmo?
Enfim. Depois daquele dia deu certo... E também não deu. Duas semanas de estágio depois, quando fui efetivada, pulei por cima de todos os arbustos e quase fiquei sem conseguir colocar os pés no chão de alegria. Ironia do destino, a alegria foi dando espaço a um desconsolo cada vez maior, e apenas cinco meses depois eu me via completamente frustrada. Não era aquelas coisas que eu queria escrever. Não eram notícias. Não eram desastres, nem informações das prefeituras, associações, etc.
O que eu estava fazendo no jornalismo? O.o

Eram sonhos. 

Era um pássaro na calçada. Era um sorriso de criança. Eu queria escrever o romance do casal que encontrei na rua, a paquera dos garotos na esquina da minha casa. Eu queria escrever sobre músicas, sentimentos, raiva, dor, pessoas e sensações. E tudo isso estava proibido para mim.
Graças a Deus (e ele sempre foi muito generoso comigo) a tragédia não foi tão grave assim no fim: saí de lá, chorei em torno de um mês e voltei à batina diária. Trabalhei, coloquei os parafusos na minha cabeça para pensar e – tcharãn!- escrevi um livro.
Então esse ano, segurei-o pela primeira vez com lágrimas nos olhos..rs, fui a Porto Alegre, participei de um debate na Universidade do Vale dos Sinos, ando falando e dando as caras até mesmo onde eu nem imaginava chegar. Além disso, também decidi por algumas coisas que não custam nada, mas valem muito. Sabe a história de que dar é melhor que receber? É a mais pura verdade.
Cortei meu cabelo e o corte foi, digamos, radical. Certo, sem laterais raspadas ou cores roxas e/ou azuis porque sou (pelo menos nesse sentido) ainda medrosa. No entanto, para quem nunca saiu do clássico “só as pontinhas”, não sabe o que é a mudança que sofri. Cortei um simples e prático chanel, e doei as mechinhas que ficaram para o Hospital do Câncer de Porto Alegre, o Hospital Santo Antônio. Amei meu corte de cabelo, tirei 54.786 fotos dele, e o que foi meu coração na hora de entregar as mechinhas? A alegria de ver aquelas crianças e perceber que com um gesto tão pequeno você transforma um mundo de uma pessoa não tem preço.


Fui especialmente lá no dia das crianças para comemorar, entregar brinquedos, sorrir e conversar, mesmo que um pouquinho. A visita era rápida e não podíamos abraçar as crianças por causa de suas doenças, mas ainda assim valeu muito. E por essas e outras que percebo a importância de se ter sonhos. E por essas e outras eu vejo a necessidade de olhar além do seu próprio umbigo, da imensidão do seu ínfimo espaço, por que o mundo é muito maior do que a gente pensa. E a gente precisa de pessoas. Não importa se você tem um produto, empresa, associação ou barraquinha de suco na esquina. A gente precisa das pessoas para viver, sonhar e compartilhar o mundo, e perceber que ele vai muito além do que a gente imagina. O mundo é infinito. As vidas e as pessoas são finitas. Um dia acaba tudo aquilo que fizemos. E sem nós o mundo continua, e cada gesto, por mais pequeno que pareça, ficará marcado em cada coração pelo qual passamos, seja ele bom ou ruim. Essa é a razão de viver e fazer o bem, antes de qualquer outra coisa.

Ah, e eu disse? Amei meu corte de cabelo! J



Beijos carinhosos,


Vanessa Preuss

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

ERA UMA VEZ UM LUGAR...

Uma garota em dúvida.
Um galã interessado.
Dúvidas.
Interesses.
E apenas uma decisão.
O que Roberta quer fazer?
Para onde ela vai?
E com quem?
Uma história de amor, dúvidas e aprendizagens, com um enredo de tirar o fôlego..

Agora, o que Roberta fizer lá pode transformar sua vida para sempre.. E tudo aquilo que ela sonhou pode se transformar rapidamente..

A Garota de Greenwich

 
"[...]Thomas é o homem que eu sempre desejei na vida, e agora que eu percebia o quanto essa decisão que eu estava prestes a tomar não se restringia só a ele. Eu estava preparada para dizer sim desde que entramos naquele avião que viajaria até Greenwich, desde que nos amamos pela primeira vez, desde o dia em que entreguei meu coração definitivamente a ele. Estávamos predestinados a ficar juntos, se amar, viver grandes aventuras e emoções, pular em mares, contar aniversários e ...ver o sol caindo quando nossas camas pareciam melhor na areia do que num colchão. Mas o destino pregara uma peça em mim. Eu precisava voltar ao Brasil o quanto antes, enfrentar Jacques o quanto antes, lutar pela minha vida e sobrevivência o quanto antes. Mas, como eu faria isso sem chorar? Como combater tudo sem demonstrar dor a nenhuma das pessoas que estava à minha volta? Pela primeira vez ali, no espaço pequeno da minha memória e daquele banheiro, eu entendi o quanto estava encurralada..." 
SAIBA MAIS:http://editoraburiti.com.br/a-garota-de-greenwich/

Beijos,
Vanessa Preuss

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

E SE ELE NÃO VOLTAR?


Se ele não voltar, você terá que lidar firmemente com seu coração. Terá que se virar sozinha como já vivia antes dele, juntar os pedaços e a cauda do seu vestido de cinderela e se acostumar com um mundo sem seu amor. Você não é capaz disso, eu sei, mas acredite: nenhum de nós seria. Perder ou nunca mais saber de uma pessoa querida é incompreensível e dói demais: tanto pelo sentimento de perda quanto pela confusão de tentar entender o que nunca será entendido e, o pior, se acostumar com dormir com a cama vazia ao seu lado..


Eu conversei com ela num dia quente depois que voltei da Unisinos: meu primeiro livro acabara de sair, eu estava eufórica porque acabava de participar de minha primeira entrevista, e ela estava sentada ali, de pernas cruzadas, tranquilamente no banco da praça. Teve que vir até meu encontro porque, a despeito do que eu sentia, nem consegui a reconhecer. Ela pega carona todo dia com minha mãe para a cidade vizinha, se revezando nos carros, mas comigo mesma, nunca havia falado. E eu conhecia sua história daquele jeitinho das cidades pequenas, por cima e aumentado algumas vezes em elefantes. Super simpática, veio ao meu encontro e começou a conversar. A temperatura batia tranquilamente na casa dos trinta graus e como nós duas desfrutávamos de uma casquinha imperdível de sorvete, nossa conversa logo começou animada.

Falamos sobre o livro, meu dia na Universidade, minha entrevista, meus sonhos para o futuro. Ver uma mulher mais velha e madura como ela me incentivando me deu forças extras (como se eu já não tenho muitas para divulgar meu livro a todo momento..rs) Bem, conversa vai, conversa vem.. Chegamos no assunto. O tal assunto que eu tinha ouvido falar dela, por cima, tão mal contado que resolvi aprofundar. E, pensem o que quiserem, isso tocou meu coração. Conseguir se colocar no lugar dos outros atualmente é um privilégio: sair do mundo que nos detém abre a mente e faz bem para o coração de tal forma que nem imaginamos.

E a história foi mais ou menos assim:


“Véspera de dias das mães. Ela tinha o marido, e três filhos. O marido era caminhoneiro, viajava para outros estados, passava dias fora. E ele foi viajar no dia das mães. Ela até tinha comentado dele não estar ali justamente nesse dia.”

Curiosa, pedi: “E como ele era com você?”

“Muito carinhoso”, ela contou. “Sempre mandava flores, cuidava dos filhos, era muito amável e responsável.”

“Aquela véspera foi a última vez que ela o viu. Ele virou a esquina para nunca mais voltar, e nunca mais ser encontrado. Depois de alguns dias, o desespero bateu. Ela tentou ligar e ele não atendia, as chamadas começaram a cair na caixa postal e dali para o indisponível. A polícia foi chamada, o caminhão nunca mais foi encontrado, a dor crescia com capim-limão no coração. E jamais deu para o arrancar, o trocadilho nunca foi tão doloroso. Além da dor de não saber o que acontecia com ele, os dias passavam e ela precisava, também, sobreviver. O que fazer? Como cuidar de três filhos pequenos sozinha? Até então, ele era o único responsável pelas finanças da casa, o cuidado com os filhos, as contas, o aluguel. Em desespero, ela vendeu terrenos, começou a trabalhar em meio ao choro, o tempo passou e a cidade toda também passou a saber do incidente. Ah, claro, vieram as más línguas costumeiras, que para piorar a situação, cogitaram milhares de falsas hipóteses: a abandonou, a traiu, a deixou, milhares de hipóteses sem fundamento algum, vindas de corações vazios e pequenos. Sim, ele a deixou. Mas a dor era dela e ninguém era auto-suficiente para a julgar assim. A cama vazia era dela. As lágrimas eram dela. A casa silenciosa sem o barulho do pai amigo e esposo eram dela. Dela e dos filhos, únicos que souberam verdadeiramente a dor de perder alguém e viver em meia-vida. Meia-vida deixada ao pé de uma estrada, mergulhada no silêncio, no mistério, nas orações, no desconsolo. Depois desse dia, o até então marido nunca mais votou, não renovou a carteira de habilitação, nem foi encontrado nenhum outro registro de sua identidade. “

Na voz dela: “Ele desapareceu há mais de vinte anos, e só Deus sabe onde ele pode ter se perdido e desconhecido para nunca mais voltar.”


E em momentos como esses, eu fecho os olhos e paro para pensar. Na família, nos amigos, em Deus e sua poderosa mão que só ele sabe o quão bem faz as coisas, por mais que não conseguimos às vezes entender. Penso na rotina inconfundível de meu andar, nos sonhos distantes, e no quanto é importante estar feliz com o sonhar, mas principalmente com o nosso realizar. Amanhã não existe. Tudo, absolutamente, é hoje. Se você não o aproveitar, adeus. É tchau para nunca mais. E aquele tão sonhado beijo, abraço e palavra trancada na garganta pode nunca mais sair. Então diga que você ama. Abrace. Beije. Deixe sua mensagem de carinho e ajude os outros. Seja humilde, porque desse mundo todos nós fazemos parte e dele todos nós iremos partir para uma melhor. A vida é uma escolha: pode ser boa ou ruim, alegre ou deprimida. Tudo depende do que você mentaliza ao amanhecer, da forma com que você encara os problemas, os desafios, os sonhos. Ah, os sonhos.. Você não faz ideia do quanto eles são importantes! Não faz ideia do quanto nos fazem viver, crescer, amadurecer, e por ventura ou não, deixar nosso caminho mais enraizado. Precisamos dessas raízes porque, um dia lá na frente, pouco a pouco vamos nos desligando das pessoas mais importantes para nós, queiramos ou não. Para não sucumbir ou cair em desespero, você precisa ter os pés firmes e o coração forte, exatamente como fez essa mulher 20 anos atrás. Aliás, ela está namorando um novo homem. E muito feliz. E essa é a única razão para eu ter escrito esse post. Para tudo há um jeito. Basta você não desistir da vida, e principalmente, de você.”

Um beijo carinhoso,


Vanessa Preuss

terça-feira, 4 de novembro de 2014

FEIRA DO LIVRO DE POA + CORAÇÃO A UM MILHÃO



Ir para Porto Alegre sempre me deixa ansiosa, nervosa, enérgica. Isso ocorre desde que eu fui a primeira vez na capital gaúcha até o último domingo, quando fui especialmente para prestigiar e conhecer a Feira do Livro deste ano, o melhor lugar em nível cultural, inspirador e libertador para amantes da literatura e coadjuvantes. Lá você pode passar horas olhando, cheirando, imaginando, viajando em milhares de mundos sem sair do lugar, e sem perceber o tempo passar. Então, para inspirar e capacitar minha deusa interior, tomei coragem, fôlego, juntei minha caixinha de marcadores de página e fui bater perna..Sozinha. E mesmo sem conhecer quase nada da cidade em que já fui muito (sou péssima em guardar lugares, confesso) ainda fiquei toda sorridente, contagiante, andando pra lá e para cá sem medo algum de ser feliz. Ok, assumo: meu heart balançou um pouco por dentro, mas graças ao bom Deus sou uma ótima conversadora e sei me virar muito bem em cidades grandes sozinha. Vejo alguém e já pergunto: “Ei tio, sabe como faço para ir a tal lugar?” Ei moço, estou indo a tal praça, pode me dizer se estou certa?” ”Psssiu senhorzinho, sabe onde fica o metrô?”


Sou um poço de simpatia. Graças a isso, fui informada corretamente e –pimba!-, cheguei ao lugar mais almejado em toda minha vida: nada menos e nada mais que a Feira do Livro de Porto Alegre, linda, recheada de boas histórias, e- Siiimm!- desta vez não somente como visitante.

                                                              Viva!

Depois de uma perdidinha básica e um rolé pela feira- ela é gigante, gente!- saquei os marca páginas que já tinha em mãos e saí trolando por aí. Lógico que a vergonha toma conta no começo, mas depois de cinco minutos tudo se supera. Falei do meu livro para uma menina a quem dei carona de guarda-chuva, um senhorzinho simpático que sorriu para mim e foi todo ouvidos, e anteriormente, uma senhora que sentou-se ao lado de mim no ônibus com a qual conversei muitas coisas (juro que não sei porque os mais velhos gostam tanto de mim..rs). Naturalmente, estou acostumada com gente super conhecida me rondando. Então, estar sozinha e mesmo assim repleta de pessoas totalmente estranhas me fazem sentir desafiada e um pouco nervosa. Mas, que nervosismo nada, falei feito uma gaita com o responsável pela Sessão dos Autógrafos. Fui apresentada à todos os cantos da feira e, se não por ele, por minha curiosidade mesma. Catei um guia e um mapinha da feira e, depois de almoçar, saí pela feira afora abordando pessoas. Tirei uma foto linda de meu livro exposto na Editora Cassol, fiquei me maravilhando alguns minutos e saí distribuindo os marcadores e sorrisos para quem aceitasse parar e conversar um pouquinho comigo. Foi incrível!

                                                                  Imaginem!    

E no fim, apesar da chuva, de ninguém próximo por perto, de algumas encaradas feias e mais uma porção de desculpas esfarrapadas deixadas de lado, fiz vários contatos, conheci muita gente legal e me tornei mais otimista ainda. Mesmo que minha sessão não fosse nesse domingo - Ei, eu já falei isso para vocês? Vou fazer sessão de autógrafooosss!!!-, poder fazer parte de um lugar onde tudo que você mais ama está à sua volta é gás para a vida. E saber que esse caminho que percorro e respiro me permite alcançar essa alegria que tanto espalho é simplesmente contagiante. Apesar de eu estar começando agora, feiras do livro já são uma delícia porque encontramos gente exatamente como a gente: apaixonadas por livros, boas histórias, drama, romance e as aventuras mais loucas. Lá não há hora cronometrada nem tempo, muito menos espaço para viver a realidade. Como disse um sábio escritor canadense na feira (sim, pude até treinar meu inglês lá) : “Prefiro viver minhas mentiras do que a realidade do mundo.”
Encontrei pessoas tão ou mais motivadas que eu pela literatura, crianças loucas querendo agarrar todos os livros que viam pela frente (entreguei um marca página para uma menina de uns dez anos e ela ficou me olhando maravilhada por muito tempo inestimável..rs), pais e jovens que não viam o tempo passam em frente às banquinhas, e pude comprovar que somos movidos sim por histórias, o que nos falta às vezes é encontrar essas histórias que nos prendem e de certa forma, também desprendem da realidade. Flutuar é preciso de vez em quando!
Por isso, minha primeira visita como escritora, bisbilhoteira e visualizadora na primeira semana da feira de Porto Alegre foi, também, renovadora.  Além de ficar toda boba me achando..rs, de-me a certeza que é isso que quero: falar sobre livros, histórias, meu baby, minha trajetória, uma daquelas loucas que não param de falar um minuto quando você dá trela, sabe? Estou me transformando nisso..rs

                                             É ou não é lindo?

Mas sem tanto blá-blá-blá, vamos ao que interessa: já estão preparados para o próximo domingo? Para a próxima sessão de autógrafos mais incrível de todos os tempos? Hahaha E confesso que já estou apaixonada e estou aprontando muitas surpresinhas legais. Espero vocês lá a partir das 18h de domingo, viu! Vai ter sol, vai ter abraço, vai ser um arraso!
Não se atrasem nem esqueçam, hein? Vou aguardar vocês! <3

Beijoos carinhosos,


Vanessa Preuss

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

SOBRE RELACIONAMENTOS DIVULGADOS NA REDE SOCIAL



Deita a cabeça no ombro, reclama, senta e chora. É melhor fazer isso do que espalhar aos quatro ventos que fulano é isso, aquilo ou sabe-se Deus o que mais. Quando estamos chateadas ou brigamos por algo, acabamos colocando nas redes sociais o que é desnecessário. Vejo raiva, lágrimas e tristezas contadas, coisas que eu jamais deveria saber de algumas pessoas, ali, no link principal da minha página. E me questiono: Tem um probleminha com o bofe? Feche a timeline e chame-o para uma conversa no sofá. Relaxa a cabeça, dê uma volta antes ou ligue para alguém que te faça sorrir mesmo com todo esse problemão.  Acredite, isso acontece com todo mundo.
Mas, via de fato, nossa vida íntima e particular é chamada assim por isso mesmo: é íntima. Só entre você e a pessoa amada, sem necessidade de intervenções alheias. Tudo bem contar para a melhor amiga ou a mãe. Todo mundo precisa de um ombro consolador e amigo, até porque ninguém consegue ser feliz em 100% das situações. Contudo, depositar sua tristeza na timeline em todas as pequenas e mais absurdas brigas não resolve nada. Ao contrário, propaga a tristeza e fofoca, e não sei se você ficaria menos infeliz se alguém aparecesse na sua frente e dissesse: “É sério mesmo que vocês brigaram/terminaram? Eu achava vocês um casal tão bonito..” Ninguém merece, né?


E, se nenhum dos dois for um boneco manipulado, não existe nenhum casal que é feliz o tempo todo. Existem discussões e pontos de controvérsia, porque – felizmente nesse caso- somos todos diferentes e com nossos próprios pensamentos. É por isso que existe o amor, a conversa, a cedência e a compreensão de vez em quando. Se você ama a pessoa que está ao seu lado, saberá lidar com seus altos e baixos, tanto elas com os que virão de você. Faz parte do conjunto relacionamento e não importa se você namora ou é casado. Esbravejar discussões que fazem parte da vida de qualquer casal é, sim,  pedir para ser motivo de deboche e risada.
Então, vale a máxima:  ser discreto é tudo. Tem roupa suja para lavar? Lave em casa. Ou você já levou as suas calcinhas para uma vizinha? Morreria de vergonha, né? Pois então, lembre-se dessa metáfora quando for lavar a “roupa suja” entre o casal: o relacionamento é de vocês e ninguém melhor do que o próprio pombinho para sentar com você e conversar. Tudo bem chorar as pitangas com a amiga, mãe e vó, mas cuidado com a exposição demais. A triste tentativa de desabafar na rede social pode virar o feitiço contra o feiticeiro: além de poder causar a separação para sempre do casal, pode fazer sua imagem ir por água abaixo. O nosso caráter, algo que construímos com tanta luta, não merece desmoronar por uma briguinha, né? Então, pelo seu próprio bem e da humanidade, controle o desejo de postar nas redes sociais. Filtre e espalhe as coisas boas. As ruins, resolva primeiro com sua própria consciência. Vale e agrega muito.
 
 
Beijos,
Vanessa Preuss

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

TEXTO DE AUTOAMOR


É noite e eu preciso controlar minha fobia de comer os dedos junto com as unhas. Preciso deixar de lado os filmes do Woody Allen e me concentrar em vida, ou esses livros que em nada se parecem com a minha vida real. Preciso pagar minhas contas. Preciso trocar de biquíni, achar uma puta de uma promoção para aquela saia que tanto quero. Preciso falar umas verdades flagelas praquele cara. Sobre amor e seus derivados, tudo aquilo que não aprendi nas aulas de conjugações. Preciso também, falar sobre essas coisas estranhas que circundam minha cabeça e chamam sonhos. Como me encontraram? Onde me levarão? Preciso me recordar urgentemente dos dias em que as revistas adolescentes eram minha única alegria, somada a panelas de pipocas frescas. Talvez eu realmente tenha mudado realmente desde então. Talvez eu tenha me amado um pouco mais. Fato é que deixei de amar aquele cachorro sem vergonha, mas guardei com todo o carinho suas calças surradas junto com minhas ceroulas do Bananas de Pijamas. Confesso para vocês: são um ótimo e santo remédio para aquelas noites vazias de risadas, ou amor.
Não que eu tenha sido vazia de amor. Muito pelo contrário. Sou especialista em distribuir carinho, sorrisos e abraços, mas é claro- e todos nós sabemos- que nem todos os dias são flores. Alguns resultados não são sempre como gostaríamos, as dívidas parecem maiores que os saldos, e as filas de bancos parecem cada vez maiores. Eu preferiria não falar com pessoas frias, melancólicas e confusas. Mas faz parte. Você aprende e cresce com isso. Principalmente a não ser como elas são, a se olhar bem fundo dentro do peito e ver se você não está se tornando o mesmo. Algum dia chega, e você perceberá que ou você sai de sua zona de conforto, ou você se tornará uma pessoa infeliz. A infelicidade tem a ver com a autoestima, mas muito também com o que você está fazendo da vida. Até rimou, olha que lindo. A infelicidade é uma escolha. As quedas são passos. Mesmo que  doam hoje, amanhã te farão levantar. E você terá que caminhar de novo e de novo, consecutivamente, até encontrar uma razão suficiente o bastante para você parar, ou descobrir que a felicidade está ali mesmo, no caminhar.
Um beijo,

Vanessa Preuss

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

CRÔNICA DE UMA PAQUERA NA CHUVA


Juro que adoro essas voltas até o ônibus. Lá estou eu, bela e sincera, agarrada à meu guarda-chuva ranzinza, pulando em poças, gravetos, sonhos, ideias fixas e recordações. De repente, aparece um garoto ao meu lado, rindo e conversando como se fôssemos velhos amigos.

Tudo bem, ele já estava antes na minha frente. Com outro garoto a tiracolo, também rindo e falando abobrinhas, e o ignorei. Pudera, eu também travara uma luta contra meu cabelo rebelde, ajeitado num bonito coque que agora escorria junto com a chuva. Apertei os cadernos em meu colo e segurei firme o guarda-chuva. Mais tarde eu teria uma boa de uma conversa com meu cabelo.

- Essa chuva está terrível hein- ele ri para mim.

Me viro surpresa para ele. Oi? Que legal isso! Um garoto que nunca vi, falando de um jeito tão bacana comigo, na volta do estacionamento da escola? (Adoro essas coisas).

-Sim!- respondo sorridente.

Olho para seu rosto. Uau! Ele é lindo!

-Eu tenho um problema com esse meu guarda-chuva em dias assim- ele continua a rir. E eu, comecei uma terrível luta interna para não pregar tanto os olhos nele. Nossa, ele é mesmo belo. Tem umas covinhas tão fofas e.. Pare já com isso, Camila!

Passamos debaixo de uma árvore e seu guarda-chuva prende o galho acima de nós. E fecha. E ele ri. Encolhe-se e tenta abrir o guarda-chuva novamente.

-Viu só?

Estou vendo seu sorriso lindo, penso. Como ele ainda consegue rir? Me inclino para lhe oferecer carona, mas ele é rápido e já está abrindo o seu novamente. E rindo.

-Isso já aconteceu hoje cedo. Na verdade, são gravíssimos problemas com esse rapazinho aqui - ele diz.

Eu estou tendo com esse seu sorriso, penso- de novo- para mim. E sorrio de volta. Gostei dele.

-Isso acontece- tento ser solidária. –Também sou uma desastrada com um tempo assim.

Sou desastrada com tudo, na verdade. E estou odiando já estar chegando no meu ônibus.

-Hoje não era um dia apropriado para se ir na escola. Mas, há muita coisa mais importante que se jogar em casa.

Porque tão lindo, senhor? Por quê?

-Faz parte- tento me recompor, colidindo meu sorriso com o dele. –Até gosto de dias assim. Precisamos deles também.

Nossa conversa está ficando balela, mas encaro um milhão de dias assim se puder usufruir dessas covinhas! Ai, JESUS.

-Meu ônibus é esse- trombo nos meus pés. Choro ao invés de falar, pelo menos para mim.

-Prazer ter te conhecido- ele sorri.

Emudeço. – O prazer foi meu. – Não vá embora! Volte, volteeee! Minha deusa se ajoelha a seus pés.

Me encolho para entrar no ônibus, desolada, e ele segue seu caminho. Mas, peraí. Esse ônibus não é meu!

Agarro minha sombrinha de novo e volto à realidade, enquanto ele continua seu caminho. Provavelmente rindo. Meu ônibus está duas vagas adiante. E meu coração estateado no chão. Burra! Vou correr até ele. Isso! Mas.. O que vou dizer?

Meu inconsciente me encara abobado. -Diga a ele que gostou do seu sorriso.

-E depois?- Pergunto atordoada.

-Depois? Deixa rolar.

Ah, eu já disse que adoro dias de chuva? <3
Ótima chuva para vocês,
Beijos,
Vanessa

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

INDO PARA LONDRES: SEGUNDO TRECHO DO LIVRO "A GAROTA DE GREENWICH"


"No sábado de manhã, Thomas e meu pai me levam até o aeroporto. Tudo que eu preciso coube em uma mala, uma bolsa pequena à tiracolo e outra mala de mão, que contêm o tablet que ganhei de Susan no dia anterior.
Estamos indo até meu destino final em solo brasileiro, e ainda não sei como me despedir. E saber que estou a um passo de fazer isso é entediante. Seguro minhas mãos firme no banco enquanto Thomas corre como um louco pelo asfalto, e tento ali, no pequeno espaço de sossego com minha memória, articular algumas boas palavras de despedida.
O que eu poderia dizer? Estou temendo lágrimas e gargantas presas, mas sei que isso é inevitável. Nenhum de nós falou nada desde que saímos de casa. Droga. Faltam apenas alguns minutos para chegarmos, e ainda não sei por que Thomas anda tão depressa. Talvez pense que assim tenhamos mais tempo para se despedir, embora eu saiba que isso não mudará nada para mim. Já me despedi de Amanda, meus poucos vizinhos, e mais alguns que me ligaram desejando boa sorte. Chorei feito uma condenada. Agora, tenho certeza que não vai ser diferente.
Continuo olhando pela janela hesitante, e enquanto procuro me manter distraída, sei que já entrei em colapso quando uma lágrima começa a cair.

-Você está chorando!
Meu pai olha para mim da forma mais idiota possível ao dizer isso, enquanto eu pego as minhas malas que Thomas me alcança do porta-malas.
Tento imaginar o quanto isso é trágico. Tudo o que eu mais desejava agora se resume em lágrimas imbecis.
-Pois é- digo. –Minha hora chegou.

Abraço o tablet contra meu peito como um consolo enquanto Thomas fecha o porta-malas.
-Se não quiser ir – meu pai me lança um olhar ansioso.

Ah, certo. Era o que me faltava.

-Não, pai. Claro que quero- eu rebato imediatamente. – Só detesto despedidas. Sabe como sou.

-Você lembra que deve nos ligar logo que chegar lá, não é mesmo.
-Sim.

-E todos os dias, para saber como você está.

Um sorriso surge inesperadamente no meu lábio. -Claro que sim, pai.
Isso vai ser caro, mas vou ter outras alternativas para me comunicar.

-Vamos- Thomas me acorda como em todas as outras vezes, e acho que é só para que eu dê-me conta que isso não vai mais acontecer de novo tão cedo. Não terei dois soldadinhos de chumbo me monitorando, e isso será muito bom.
 
Mas nem fui embora e já estou com saudades. Engulo o soluço. Merda. Não vou chorar. Finalmente chegamos ao saguão do Aeroporto Internacional de Porto Alegre, meu último passo em terreno brasileiro. O dia aqui está lindo apesar do frio, e um vento forte cessa assim que damos passagem dentro da porta central. Procuro a passagem em meu bolso enquanto meu pai faz questão de empurrar a mala para mim.

-É, meu voo já vai sair.
Olhamos uns aos outros atônitos sem saber o que dizer. Pela primeira vez, sinto vontade de largar tudo.

-Vou sentir saudades- meu pai me abraça.

-Eu também- engasgo sem jeito.

Ele desgruda de mim com dificuldade, e então olho para Thomas. Acho que vejo uma lágrima querendo escapar de seus olhos, mas não tenho certeza. Nunca o vi chorar. Não pessoalmente.

-Então está- ele me diz.

-É, está- aquilo me faz achar graça, e dou um sorriso grande para ele. - Eu ligo para você também, não se preocupe.
Ele me puxa inesperadamente, me abraça e sussurra no meu cabelo.

-Vou esperar todo dia. Ah, e tem uma coisa que deixei para você dentro da mala.
Encaro-o descrente, até ouvir o primeiro sinal para embarcar. Céus. Está na hora. Meu pai me dá a mala e saio de lá atordoada enquanto escuto a moça do alto falante indicar o voo. Aceno de longe para eles. Estou me distanciando das únicas pessoas que fazem parte da minha vida, e embora seja por uma boa razão, estou em frangalhos.
Aperto a mão firmemente na bolsa e fungo pela milésima vez. É isso, então. Hora de partir. Corro até meu local de embarque segurando meus olhos para não chorar, o que é inevitável."
A aventura está apenas começando..
Gostou?
Você pode adquirir seu exemplar por AQUI, ou ainda entrando em contato comigo pelas redes sociais. Só não deixa de comentar aí embaixo o que achou, ok?
Beijos animados,
Vanessa Preuss
 

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

TRECHO DO LIVRO: A GAROTA DE GREENWICH


“O sol respinga para dentro do quarto com raios transbordados de cor clara e branca. Puxo o lençol para baixo a fim de levantar, mas quando dou-me conta de que é sábado, fecho os olhos e adormeço mais alguns minutos. Devo ter dormido algumas boas horas, mas o sono parece imenso dentro de mim. Estou cansada intelectualmente. Estou frígida feito um tomate seco. Quando me levanto está fresco, então cubro-me com uma roupa comprida e me arrasto até a cozinha.
Meu pai já se apoderou dos cuidados com a jardinagem, e aproveito que ele não me vê para tomar leite do gargalo e engolir uma fatia com requeijão novo comprado naquela semana. Tomo mais um copo cheio de água, escovo meus dentes com força e volto para arrumar meu quarto. Arranco os lençóis e a fronha do travesseiro para lavar, e embalo meu pouco melhor humor para colocar logo outro. Jogo meus bichos de pelúcia por cima e tiro tudo que há de excesso sobre minha escrivaninha.
[...]Me deito no sofá preguiçosamente, e quando começo a me distrair roendo a unha que lascou na estante, meu telefone toca. Pulo do sofá e atendo no segundo toque. É um número desconhecido.
-Alô?- e coloco o dedo de novo na boca.
-Alô, Roberta?
Meu Deus. Conheço aquela voz. Praticamente grito.
-JACQUES? Como conseguiu meu número?
Oh, Meu Deus. Preciso me dirigir à área para meu pai não ficar aflito com o tom de voz que usei.
-Shhh- ele ri. - Não grite.
Aquele sorriso pelo telefone pode ter um reflexo muito depreciativo em mim. Grudo na parede da área.
-Nada de fazer Shh para mim- retruco. –Por que está me ligando?
E mais: Como conseguiu meu número?
Ele não se altera. Tem a voz muito firme. – Porque te achei divertida, engraçada e linda. E preciso ver se você está bem depois que saiu correndo feito uma louca ontem à noite. Serve?
Eu deveria dizer que sim, pois estou desmaiando de emoção. Ninguém nunca disse isso para mim, e ninguém nunca se preocupou assim comigo. Mas também preciso manter a compostura. E digo:
-Não.
Ele ri de novo. E tem que parar de fazer isso. É muito sensual.
-Como conseguiu meu número?- protesto.
-Isso não é a coisa mais difícil do mundo, Roberta. Se você insiste em não me dar, eu dou um jeito sozinho de conseguir. Por que você fugiu? Por que não me ligou?
Ele estava me bombardeando demais. O que eu ia fazer ligando para ele?
-Não temos nada para conversar, já disse.
-Ah. Temos sim.
O tom ameaçador com que diz isso me inebria. Jacques é lindo, educado e malévolo ao mesmo tempo. Não sei como alguém pode ser normal sendo assim.
-Jacques- tento me controlar, mas está difícil. – Por favor, não faça isso. Realmente que não somos compatíveis. Não percebeu isso ontem?
Nunca fomos.
-Compatíveis?- ele ri como se eu tivesse falado alguma coisa muito absurda. Mordo os dentes de raiva. – Não precisamos ser compatíveis, Roberta. Só quero que aceite conversar comigo, uma vez sem fugir. Eu não vou te morder.
Fico rubra de novo. Jacques me morder? E me lembro que já tivemos essa assunto.
-Já não estamos conversando?- disparo, lembrando-me de nossa primeira vez no refeitório.
-Estamos. Por telefone. E isso não vale. Tem que ser cara a cara. Por que está fugindo?
Não estou fugindo, só vendo a obviedade, grito para mim ao invés de para ele.
-Não quero nada com você, Jacques. Ainda não percebeu?
-Tenho uma surpresa para você.
O quê? – Não quero surpresas. Já disse que não temos nada a ver, e se ainda não entende, não gostei de você!- minto e grito, e essa é a última coisa que digo antes de desligar.
Que merda! Volto para a sala e atiro o telefone com raiva no sofá. Jacques realmente tem o dom de estragar o dia de uma pessoa. Estou furiosa, e rasgo a unha sem pensar. Quando estou me culpando pelo que fiz ela já está sangrando, e corro para o banheiro para limpar minha dor. Passo a chave na porta e aproveito para lavar meu rosto de novo. Não, por favor, repito para mim. Diga que isso não aconteceu.”
 
O que acharam?  Curiosos para mais?
 
Beijos,
Vanessa Preuss