Toda vez que fecho meus olhos para dormir- e não precisa ser
necessariamente à noite nem em uma cama leve e aconchegante- várias memórias me
passam à cabeça. Saudades da minha infância, que mesmo estando somente a uma
década longe de mim, se afasta cada dia mais e de deixa à mercê do mundo
adulto; saudade de sentir o friozinho toda primeira vez que íamos a uma festa,
o show ou balada com as melhores amigas; saudades do cobertor de infância, que
já não cobre nem os meus pés mas que mesmo assim fico sentindo o cheiro somente
para lembrar das únicas coisas que até então tinham importância em minha vida;
saudade do sentimento de estar se tornando gente, e descobrir com isso que a
vida estava andando muito rápida.
Todo esse tempo passou, e enquanto tento fechar os olhos e
fingir que ainda durmo, há um filme em preto e branco que se passa por ele. Não
sou míope nem daltônica, mas confesso que fico cega quando essa realidade me
aparece. Há um filme rodando no mudo dentro de mim. Enquanto isso, o mundo lá
fora gira e dá piruetas, e a plateia continua a assistir. Várias vezes já me
perguntei qual é meu papel nele. Acho que sou uma mera telespectadora.. Da
minha própria vida. Mas uma telespectadora fiel que não perde nenhum capítulo
de minha novela, pois ela é a mais importante e verdadeira para mim. Idealista,
às vezes, ranzinza- conseguimos isso sem ser velhos, olha que engraçado!- e
sonhadora. Me diga, que graça teríamos se não sonhássemos?
Sonhos te permitem avançar em frente. E quando a estrada é
longa e o caminho é muito optativo, você precisa começar a fazer alguns cortes.
É como a plantinha: quando cresce está tudo bem, mas quando começa a amadurecer
demais ou o inverno chega antes.. CLAP! Lá está você sendo cortado. Você pode
até achar injusto e dolorido às vezes, e dizer que não tem oportunidades. Quero
ver enxergar o quanto isso traz caule, flores e folhas novas. Fica reclamando
da vida, e percebe injustiçada que as folhas dos outros estão crescendo, quando
para as suas nem espaço você dá. É por isso que digo que precisamos tomar mais
banhos de chuva: ela ajuda a purificar e abrir caminhos para novos botões
surgirem e a vida não parar. O que está esperando para fazer a sua?
Sonhar é bom e possível- mesmo de olhos fechados-, mas não
há nada melhor do que tocar sua vida sem receio e deixar a flor dela tocar e
florescer. Porque no fundo, a única coisa que importa de verdade é o quanto
acreditamos em nós mesmos e até onde fomos para esse sonho se realizar.
No que você acredita em sua vida? Acha que precisamos cortar-nos as vezes também?
Um beijo,
Vanessa Preuss
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