Pois bem, meus primeiros textos na vida foram poemas adocicados,
historinhas da escola e cartas de amor para minhas amigas e seus namorados.
Também livros inacabados, contos com lágrimas marcadas, cada um dos meus
primeiros amores recebeu dedicatórias muito maiores que uma página. Não me
arrependo deles, apesar de nenhum ter me dado um amor. Mas apesar deles não terem
me dado nada, na verdade, eu amava as tardes de domingo em que ficava deitada preguiçosamente
num cobertor ao sol, debruçada sobre meus escritos. Fantasio até hoje que todos
me ensinaram sobre o crescer e me tornar mulher. E sei de verdade que todos
eles me ensinaram que escrever realmente é minha praia, e que mesmo que chova
nessa praia, eu nunca estive muito aí para isso. Apenas continuei a escrever.
Eu nunca soube sobre o dia de amanhã, e nem nunca planejei o
dia de amanhã como faço hoje. Talvez isso seja um erro, mas na verdade o
planejamento acontece só em mente, visto que em vida eu nunca saberei- ou
acertarei- o que prever. Só sei que vou
morrer. Ah, isso é certo.
Nunca perguntei o dia porque sei bem que nunca irei adivinhar. Mal sei se o relacionamento ou emprego vão durar, não é mesmo? Como então tentar prever sua aparência quando a sua hora chegar? Melhor nem pensar. Arrepia a pele e eriça até o fio que você desconhece. E eu nem sei como cheguei a isso, visto que o título da minha postagem é sobre o Jile que dormiu na casinha alugada do cachorro da casa ao lado. Calma que já vou explicar. A questão é que tudo isso é verdade- do Jile e da morte!-. Se você vive na correria do dia, na rotina, e dificilmente faz alguma coisa fora do normal, também dificilmente pensará e arrumará tempo para refletir sobre essas coisas. Mas acontece que essas coisas não são somente coisas. Posso ser clichê, mas um dia tudo mudará. Cedo ou tarde, aqui ou ali. E tudo que fizemos em vida, nessas horas da vida voltarão à nossa cabeça. Eu rirei dessa minha postagem do Jile e você rirá de qualquer outra coisa boba que tenha acontecido com você. Entendeu? Não?
Sorria!
JAMAIS VOLTARÁ. Então valha-se da velha- e nova- dica. Aproveite
a vida. Ria. Viva em paz. Saia mais -no substantivo também, por que não?-. Conheça
pessoas. Eu mesma luto comigo mesma e meus textos na frente do computador. Arranco
alguns fios, perco segundos demais de um sol que não saberei quando vou voltar
a ver.
Mas teimosa, ainda sei que a vida é lá fora. Ali mesmo, onde
você coloca as pedras no sapato, enfrenta a chuva, o calor, o Agenor e o
Romildo. Onde você dá a cara, a mão, o olho e o fígado a bater- ou comer-. Tudo
é escolha sua. Se sua vida não está boa, você tem mesmo que mudar. Tem mesmo
que viajar, sonhar, pular de galho em galho feito um macaco. Não descendemos
deles mesmo?
Clichê é para quem não acredita que as coisas podem ser de verdade. É para quem nunca abriu uma empresa e a sustentou mesmo estando prestes a falhar, para quem suportou as críticas e jamais pensou em parar. Porque tudo isso que pode -e irá acontecer na sua vida- depende de você, não dos outros. Claro, você vai precisar de compradores, leitores- como no meu caso- aqueles pessoas entusiasmadas pelo que tu faz. Mas que só tu poderá fazer e criar esse público, é verdade. E que só tu poderá manter e aumentar- ou diminuir- o seu público, verdade. Então, acredite e faça a verdade. Simplesmente tudo aquilo que seu coração diz que o fará feliz.
QUOTE DO DIA:
A história de Jile é a seguinte: sábado na partida do Brasil contra o Chile, minha mãe olhou para fora e disse que a casinha do cachorro estava alugada. Hein? Olhamo-nos um nos olhos dos outros, até ela começar a tentar arrumar:
-Errei! Ela tá.. tá..
-Alagada?
Tentativa do meu namorado, visto que chovia muito e havia um
círculo de água ao redor da casa dele.
-Isso!
Fiz sinal para o cachorro voltar para dentro- tenho meio que um
potencial para ser compreendida por bichinhos- e voltamos nossa concentração ao
jogo. Mais tarde...
- Ah, (ela diz alguma coisa e completa com..) Jile?
Jile?? Hein?
-Como, mãe?
E todos já rindo.
-Ahh.. É.. Chile!
Ufa! Minha mãe é alemoa e conseguiu sobreviver a essa- junto
com o Brasil!-. Mas assim que terminou o jogo, meu namorado virou-se para ela-
e nós- e disse:
-Agora o Jile já pode ir dormir na casa alugada do cachorro
da vizinha.
E terminamos a tarde na risada. Minha mãe sabe que amamos
ela e que isso acontece. Até porque costumo me atrapalhar muito mais que ela. Ponto.