Essa noite minha mente pegou pesado comigo.
Acordei assustada,
me deparei com uma luz vermelha brilhante bipando na minha frente. Perguntei:
-Alguém ai?
Houve silêncio.
Até a criatura maligna responder:
- HAHAHA!
Calafrios. Paralisia geral.
Iniciei uma série de rezas para a maldição, fechei os olhos, pedi a benção de Deus. Quanto tomei coragem para correr até o interruptor, meu coração batia às pressas. Para minha salvação, ele não veio atrás, não esticou suas mãos longuíneas e compridas até mim e nem me comeu.
Chuta que é macumba!
Não tinha nada ali.
Era o sono, só podia.
Era o dia cansativo, mesmo que sendo domingo, a visita maravilhosa à casa de meus tios, o congestionamento na volta, o frio que desceu inesperadamente. Era todo o cansaço acumulado, a emoção dos últimos dias de futebol (leia-se Copa do Mundo), uma profusão de sentimentos.
Não tinha nada ali.
Era o sono, só podia.
Era o dia cansativo, mesmo que sendo domingo, a visita maravilhosa à casa de meus tios, o congestionamento na volta, o frio que desceu inesperadamente. Era todo o cansaço acumulado, a emoção dos últimos dias de futebol (leia-se Copa do Mundo), uma profusão de sentimentos.
Toquei o interruptor rapidamente. O alívio foi infinito, a luz não explodiu, nenhum ser amaldiçoado me pegou. Só então fui me dar conta de que se tratava da televisão sobre a mesa da escrivaninha, serena. Olhei o relógio e eram apenas dez da noite. Eu mal havia pego no sono, lembrei que ainda olhava Fantástico e adormecera pouco tempo antes.
Mas incrivelmente, pareciam horas que eu estava distante dali. Horas mergulhada em outra dimensão, boiando em nuvens de algodão ou contando carneirinhos sorridentes. O sono foi tão profundo que acordar dessa forma me deixou tonta a ponto de fantasiar com a simples luz da TV quase inocente.
Me acalmei!
Me mantive em pé, fui ao
banheiro, depois até a cozinha tomar uma água. Meu namorado nem piscava na
cama. Voltei, puxei a coberta até o pescoço. Mas não consegui dormir. Do que me
lembrei? Ah, sim. Lembrei das conversas, o encontro com os familiares, o almoço
de domingo. Também lembrei de um clique sobre uma notícia que falava a respeito
da evolução (?) humana. O nome do dito cujo desenvolvedor dessa nova belezura:
Palmer Luckey. Idade: 21 anos. Cidade: Califórnia. Peraí, mesma idade que a
minha?
Oh, My Good. Sim!
A ideia, no entanto, trabalhada desde os
dezoito dentro da garagem dos pais, pouco mais inovadora do que até mesmo Steve
Jobs já teve algum dia. A ponto de considerarem-na a grande evolução dos
últimos tempos. A ponto de Mark Zuckerberg- o poderoso do facebook- pagar a
bagatela de 2 bilhões de dólares para ter parte nisso. A ponto de abrir minha
boca.
Oi? Só 21 mesmo? Certeza?
Incrivelmente, a resposta é sim.
Palmer,
Luckey ou como desejam chamarem-no, está desenvolvendo o Oculus Rift, grande
promessa do futuro da nação. Segundo a revista Pequenas Empresas Grande Negócios, esse será um imenso negócio, que
precisei, obviamente, compartilhar. Pelas palavras da mesma:
“[...]O tal projeto chama-se Oculus Rift, um
equipamento parecido com uma máscara de mergulho incrementada. [...]E como funciona a tal “coisa”?
Trata-se de uma mistura de um sistema estereoscópico 3D, 360 graus de
visibilidade, som surrounding diretamente conectado aos seus ouvidos, e um
software que atinge diretamente seu córtex cerebral.
Esse mesmo!
E esse é o garoto!
Eu admiro esse garoto. Muito. Admiro a ideia
de estar em Paris, Pequim, Londres ou Nova Iorque em um piscar de olhos. Mas,
se isso realmente for verdade, o mundo realmente não será mais o mesmo em 2015.
Isso me assusta por alguns motivos:
-Não estamos em 1800, nem 1980. Estamos na metade de 2014. Oi, só mais seis meses?
-Já conversamos com as pessoas muito mais
virtualmente do que presencialmente. Como será estar onde quisermos estar? E o
nosso próprio lugar, como fica?
-As empresas já estão deixando seus pontos
físicos para apostarem num espaço e na divulgação da web hoje. Produção,
poderemos abrir uma loja em Miami?
-O mundo está ficando cada vez mais
automatizado, os romances não existem, todo problema é motivo para jogar tal aparelho
fora e comprar um novo. Como a tecnologia está mudando a minha forma de pensar?
-Quando escreveremos novamente uma carta à
mão, quando daremos um abraço em alguém, ou conversaremos sem desconectarmos ou
tirarmos os olhos da telinha em nossa mão?
-Quanto lixo não estamos gerando
diariamente? (Tenho muito medo mesmo dessa resposta).
Esses questionamentos me lembram de um
filme que vi recentemente, chamado Wall-e. Todos os humanos foram ao espaço e o
planeta Terra desenvolveu um robozinho muito simpático que ficou encarregado de
limpar todo o entulho em que a Terra se transformou.
Me apaixonei!
Se isso acontecerá realmente ou não, estamos aí para ver- e crer.
Detalhe: eu não sou contra ela. Acredito
que a tecnologia nos proporcionou muitos avanços, conseguiu diminuir a distância
do mundo em que vivemos, permitiu muitas facilidades e conhecimento. (E eu
adoraria conhecer tantos lugares em um piscar de olhos).
Porém, por outro lado, se não soubermos
escolher entre todas as opções disponíveis a nós- vale ressaltar que não são
poucos- tornaremo-nos ansiosos, depressivos, impacientes (se já não o somos). É
como já se dizia anteriormente- e essa é uma máxima que nunca falha-: toda
moeda tem dois lados. Resta saber escolher e arcar com as consequências que
virão dessas boas-ou más- decisões.
Beijos,
Vanessa Preuss
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