É noite e eu preciso
controlar minha fobia de comer os dedos junto com as unhas. Preciso deixar de
lado os filmes do Woody Allen e me concentrar em vida, ou esses livros que em
nada se parecem com a minha vida real. Preciso pagar minhas contas. Preciso trocar
de biquíni, achar uma puta de uma promoção para aquela saia que tanto quero.
Preciso falar umas verdades flagelas praquele cara. Sobre amor e seus
derivados, tudo aquilo que não aprendi nas aulas de conjugações. Preciso também, falar
sobre essas coisas estranhas que circundam minha cabeça e chamam sonhos. Como
me encontraram? Onde me levarão? Preciso me recordar urgentemente dos dias em
que as revistas adolescentes eram minha única alegria, somada a panelas de
pipocas frescas. Talvez eu realmente tenha mudado realmente desde então. Talvez eu tenha me amado um pouco mais. Fato é
que deixei de amar aquele cachorro sem vergonha, mas guardei com todo o carinho
suas calças surradas junto com minhas ceroulas do Bananas de Pijamas. Confesso
para vocês: são um ótimo e santo remédio para aquelas noites vazias de risadas,
ou amor.
Não que eu tenha sido vazia de amor. Muito pelo contrário. Sou especialista em distribuir
carinho, sorrisos e abraços, mas é claro- e todos nós sabemos- que nem todos os
dias são flores. Alguns resultados não são sempre como gostaríamos, as dívidas
parecem maiores que os saldos, e as filas de bancos parecem cada vez maiores. Eu
preferiria não falar com pessoas frias, melancólicas e confusas. Mas faz parte.
Você aprende e cresce com isso. Principalmente a não ser como elas são, a se
olhar bem fundo dentro do peito e ver se você não está se tornando o mesmo.
Algum dia chega, e você perceberá que ou você sai de sua zona de conforto, ou
você se tornará uma pessoa infeliz. A infelicidade tem a ver com a autoestima,
mas muito também com o que você está fazendo da vida. Até rimou, olha que
lindo. A infelicidade é uma escolha. As quedas são passos. Mesmo que doam hoje, amanhã te farão levantar. E você
terá que caminhar de novo e de novo, consecutivamente, até encontrar uma razão
suficiente o bastante para você parar, ou descobrir que a felicidade está ali
mesmo, no caminhar.
Um beijo,
Vanessa Preuss