segunda-feira, 15 de junho de 2015

KNOW: PAUL AND CHANEL

KNOW: PAUL AND CHANEL


A new story is in the air! The forbidden romance between Chanel and Paul settled for about seven months inside me, while I was giving life to the continuation of The Girl Greenwich. And now that my dear Roberta and his companions are the publisher of the oven, left to sit and .. Giving life to this new story!
I am suspect to talk (a lot!), but this crazy story has not let me sleep! I need to take a turn for the senseless lives of Paul and Chanel to now!
PS: Title done provisionally. Cover idem.

This is the beginning:  

"For Chanel Pontes, Chicago seemed the city of dreams. Determined to live adventures, the girl fruit of a traveler family knows -or at least thinks he knows- what the city has to offer. But one Employment, average grades and flirt for fun there still seem little to her. When approaching a mysterious man at the entrance of a souvenirs shop, she can not imagine how your life will change. After some sudden and engaging meetings, she discovers unusual facts of his life. Paul Thomas is not a regular guy, and although their presence and strong features, it hides terrible secrets. And the fact is completely in love does not prevent the destination covers more demanding answers. His secret is about emerging, and Chanel need to decide: Is she capable of supporting a prohibited and dangerous romance as Paul? In this novel, two hearts are raised to winding positions and the edge of the abyss, teaching a lot about the power of forgiveness and love, and how it can change people so there is a happy ending. "

1-MEETING

He had not spotted the prominent arms or jaw. He had healed the abdomen, but his pair of blue eyes made me give thirty around the block, throw a bucket of water on my head and even biting the pillowcase. He had a dazzling smile, a frank way and the voice .. God.. What voice was that? It seemed vocalist band. Radio. Those common men who completely transform the environment when they start talking. I would be hearing his voice for hours and not get tired. Also, it seemed humble, good people, good deeds shareholder, gentleman, had the nails of the cut and well made hands. He was not gay like most of the most fun my friends, nor character in a literary collection. His name was Paul, his height, one meter and 82. I've never been to repair it, but from the first time I saw him in front of a souvenirs shop in Chicago, I was shaken by such a violent shock that I could not breathe for at least twenty seconds. My best friend shook me by the arms and pulled me near a brick wall to view the short time of not being overwhelmed by the mass of people coming from all sides.
I looked around for the last God of the earth among us. Heaven where he was?
-Suzanne- Rolled my eyes at my stout friend, fully tanned and sunglasses. - Where is he?
-He who?
-The..Ah- Gave me that account did not know, and the sudden fear of losing sight of ruffled me. - I do not know his name. He was here a moment. It was so ... Handsome.
I was confused. I could not lose sight of so quickly. Unless .. Damn! I pulled the hand of my friend and I entered the store.
-How tall are you?
As we entered, I heard the clerk ask a tall man a little before us, as soon as we dispel the humid and stuffy air out. I climbed my Ray Ban and tried to concentrate on looking for that to be majestic. The environment provided very nice points of air-conditioning circulation, as well as elegant and expensive souvenirs to take home. Also, just in front of us, there was a section of clothing and gifts. But I do not take my eyes that is phenomenal that stood before me, given the attendant, and my heart gave a violent crack as he spoke.
-I've got 1m82.
One meter and eighty-two. Brightness eyes up, pleased to be well upright in my 1m70 medium heels. I shove myself between the two without thinking and tell him:
-You missed it outside.
I put my hand in the pocket of my shorts and collect anything I may have. The drawn were ten dollars, that shrink like a mouse in my hands.
Extend the note back and pull your hand and put it inside. My friend I've ever looked at me surprised eyes widened and the clerk glared at me with his eyes. Nor I believed I could do it. I took such a strong curveball inside me that I do not know as I have not had a heart attack on the spot.
This man was gorgeous, and a fully unfairly. Tall, buff, tan, white teeth, the voice of ivory.I held the pressure already whistled in my chest and tried to throw open their confused and smiling eyes with conviction.
-Thank you- He spoke, as beautiful as a sunset at sea. - What can I do to repay?
I noticed that he did not let go of my hand.
-You're a friend Roger?
He looks at me puzzled.  Where did I get that name drug?
I try to fix it. -Well, he told me he had a friend like you.
- Like me- he laughed. -And I'm like what?
Oh, wise guy. Wield the Ray Ban back to arm myself.
-High, 1m82 - show the relentless teeth. - In addition, the eyes of the color of the sea and a speaker's voice.
My friend groans from my side and the seller is already retreating. But the electricity between us is clear.
-Um. Maybe, I might fill in the Requirements- he continues to smile.
He has not let go of my hand in all that time. I thank God I did my nails yesterday; right now I'm being flirted by a God who still do not know the name, but that -yes!- was interested in me just as I in him. I hope deeply that we can make this our discovery even more lively than it already is right now. Oh dear. What's gotten into my head? "

CONHEÇA: PAUL E CHANEL


Uma nova história está no ar! O romance proibido entre Chanel e Paul se estabeleceu há cerca de sete meses dentro de mim, enquanto eu dava a vida à continuação de A Garota de Greenwich. E agora que minha querida Roberta e seus companheiros estão no forno da editora, resta sentar e.. Dar vida à essa nova história!
Sou suspeita para falar (muito!), mas essa história doida já não me deixa dormir! Preciso dar um rumo para a vida insensata de Paul e Chanel pra já!
P.S: Título feito provisoriamente. Capa idem.
Eis o começo:

"Para Chanel Pontes, Chicago parecia a cidade dos sonhos. Decidida a viver aventuras, a garota fruto de uma família viajante sabe -ou ao menos pensa saber -o que a cidade tem a lhe oferecer. Mas um emprego, notas médias e paqueras pra lá de divertidas ainda parecem pouco para ela. Ao abordar um homem misterioso na entrada de uma loja de souveniers, ela não imagina o quanto sua vida mudará. Depois de alguns encontros repentinos e envolventes, ela descobre fatos inusitados da vida dele. Paul Thomas não é um cara normal, e apesar de sua presença e características fortes, ele esconde segredos terríveis. E o fato de se apaixonarem completamente não impede que o destino cobre respostas cada vez mais exigentes. O segredo dele está prestes a emergir, e Chanel precisa decidir: Será ela capaz de suportar um romance proibido e perigoso como o de Paul? Até onde uma pessoa se arrisca por amor? Nesse romance, dois corações são elevados a situações sinuosas e à beira do abismo, que ensinam muito sobre o poder do perdão e do amor, e o quanto ele pode mudar pessoas para que haja um final feliz."

1-O ENCONTRO
Ele não tinha braços malhados nem o maxilar proeminente. Não tinha o abdômen sarado, mas seu par de olhos azuis me fazia dar trinta voltas no quarteirão, jogar um balde de água na cabeça e ainda morder a fronha. Ele tinha um sorriso deslumbrante, um jeito franco e a voz.. Jesus.. Que voz era aquela? Parecia vocalista de banda. De rádio. Aqueles homens comuns que transformam completamente o ambiente quando começam a falar. Eu ficaria ouvindo sua voz por horas e não me cansaria. Além disso, parecia humilde, gente boa, acionista em boas ações, cavalheiro, tinha as unhas das mãos cortadas e bem feitas. Ele não era homossexual como a maior parte dos meus mais divertidos amigos, tampouco personagem de uma coletânea literária. Seu nome era Paul, sua altura, 1 metro e 82. Eu nunca fui de reparar nisso, mas desde a primeira vez que o vi na frente de uma loja de souveniers em Chicago, fui sacudida por um choque tão violento que não consegui respirar por pelo menos vinte segundos. Minha melhor amiga me sacudiu pelos braços e me puxou para perto de um muro de tijolo a vista a pouco tempo de não sermos esmagadas pela massa de pessoas que vinham de todos os lados.
Olhei em volta, procurando o último deus da terra no meio de nós. Ceus, onde ele estava?
-Suzanne- girei os olhos para minha amiga corpulenta, totalmente bronzeada e de óculos escuros. – Onde ele está?
-Ele quem?
-O..Ah- dei-me conta de que não o conhecia, e o súbito pavor de o perder de vista me arrepiou. – Não sei seu nome. Ele estava aqui a pouco. Era tão... Lindo.
Fiquei confusa. Eu não o podia perder de vista tão depressa. A não ser que.. Droga! Puxei a mão de minha amiga e adentrei a loja.
-Qual a sua altura?
Assim que entramos, ouvi a atendente perguntar a um homem alto um pouco adiante de nós, logo que nos dissipamos do ar úmido e abafado de fora. Subi meu Ray Ban e tentei me concentrar na procura daquele ser majestoso. O ambiente fornecia pontos muito agradáveis de circulação de ar-condicionado, além de lembranças elegantes e caras para se levar para casa. Também, pouco à nossa frente, havia uma seção de roupas e presentes. Mas não tirei os olhos daquele ser fenomenal que estava diante de mim, diante da atendente, e meu coração deu um estalo violento quando ele começou a falar.
-Tenho 1m82.
Um metro e oitenta e dois. Brilho os olhos para cima, satisfeita de estar bem aprumada em meus 1m70 de saltos médios. Enfio-me entre os dois sem pensar e falo para ele:
-Você perdeu isso lá fora.
Coloco a mão no bolso de minha bermuda e cato qualquer coisa que eu possa ter. Os sorteados foram dez dólares, que se encolhem feito um rato em minhas mãos.
Estendo a nota para frente e puxo sua mão para colocá-la dentro. Minha amiga que já me olhava surpresa arregalou os olhos e a atendente me fuzilou com os olhos. Nem eu acreditei que conseguia fazer aquilo. Levei um chacoalhão tão forte dentro de mim que não sei como não tive um infarto na hora.
Esse homem era lindo, e de uma maneira totalmente injusta. Alto, sarado, moreno, dentes brancos e perfeitos, a voz de marfim. Segurei a pressão que já apitava em meu peito e tentei escancarar seus olhos confusos e sorridentes com convicção.
-Obrigado- ele falou, tão lindo quanto um pôr do sol no mar. – O que posso fazer para retribuir?
Reparei que ele não soltou minha mão.
-Você é amigo do Roger?
Ele me olha intrigado. De onde tirei esse nome, droga?
Tento consertar. –Bem, ele me disse que tinha um amigo parecido com você.
-Parecido comigo?- ele riu. –E sou parecido com o quê?
Ah, espertinho. Empunho o Ray Ban de volta para me armar.
-Alto, 1m82 - mostro os dentes implacáveis. – Além disso, olhos da cor do mar e uma voz de locutor.
Minha amiga geme do meu lado e a vendedora já está se retirando. Mas a eletricidade entre nós é nítida.
-Hum. Pode ser que eu preencha os requisitos- ele continua a sorrir.
Ele ainda não soltou minha mão em todo esse tempo. Dou graças a Deus que fiz minhas unhas no dia anterior; nesse exato momento estou sendo paquerada por um Deus que ainda nem sei o nome, mas que –sim- ficou interessado em mim da mesma maneira que eu nele. Espero profundamente que possamos tornar essa nossa descoberta ainda mais animada do que ela já está nesse exato momento. Óh, céus. O que deu em minha cabeça?"

terça-feira, 14 de abril de 2015

A HISTÓRIA ANTES DE SER HISTÓRIA


Olá, pessoal!
Tudo bem?
Hoje resolvi fazer um post falando um pouco da minha experiência como escritora, justamente quando estou sentada na frente do computador, criando. Para quem não sabe, são inúmeros processos até a história se transformar na história que de fato é impressa no papel pronto, um trabalho minucioso e que exige muito amor, leitura e revisão, até chegar o mais perto da perfeição. 



Ainda assim, nunca estamos completamente livres do erro, sendo que outras pessoas também revisam por nós e checam tudo para ver se está certinho. Achou que era tão fácil assim? rs
Não é não.. 
O que estou postando hoje é uma prova viva de que um livro sofre por diversas alterações antes de chegar à seu formato final, revisado e certinho, do jeito que queremos. São dias e noites, são meses, muito esforço e muita concentração, tudo em prol de uma causa: o melhor formato para o leitor. E a trajetória é longa e cheia de ideias. Quer ver?
Meu primeiro livro, por exemplo, teve vários nomes antes de ser definido com A Garota de Greenwich definitivamente. Antes desse título que deu super certo, A Garota de Greenwich  era A História de Roberta Cartner, e A Londrina. Escrevi ele em cinco meses, um feito histórico para mim, mas que também me fez abdicar absolutamente de tudo (!) para me dedicar à ele. 
No final, A Garota de Greenwich combinou certinho com o livro que se tornou, com o espírito e com a mensagem que eu queria passar. 


O ENREDO


Ledo engano quem pensa que ele saiu prontinho. Principalmente o inicial, teve uma repaginada profunda e daquelas!
Tudo para não fugir do caminho que eu desejava seguir, e para ter uma pegada mais madura, apesar de ser bastante leve e ainda divertido! O livro foi escrito diversas vezes, arrumado, corrigido, revisado. Ufa! Depois dizem que escritor não é revisor.. Tem que ser, e muito!
E para quem ainda não leu, esse pequeno exemplo vai dar aquela vontade de ler  para saber como ficou. 
Para quem já leu, a diferença será hilária.. e gritante! Isso é ser escritora..rs

Espero que gostem, do fundo do meu coração.




A GAROTA DE GREENWICH- ANTES DE SER (DEFINITIVAMENTE) UM LIVRO

"Minha história começa comigo dizendo que tenho vinte anos, seios pequenos e pouca perspectiva de vida. Não sei dizer quanto ao meu futuro, porque meus dias se sucedem em um ritmo constante e porque eu nunca tentei alterar o rumo que me foi escolhido.
Eu sou uma garota normal, que tem certeza das poucas coisas que sabe e que ainda assim sabe pouco dessas coisas. Talvez o mundo me afete de alguma forma que eu acorde. Ou talvez, eu tenha medo o suficiente para não tentar acordar, e aí que eu me acordo de verdade.
Espero que, apesar disso, eu nunca perca minhas ilusões.

Roberta Campanaro é uma garota humilde que mora com seu pai e tem Thomas Lazzari como seu melhor- e único amigo. Órfã de mãe, ela vive sem muitas perspectivas, e quando é assediada por um cliente da empresa em que trabalha, decide sair dali sem pensar muito. Ela sai de casa para passar um tempo na casa de uma tia, mas a poucos quilômetros de casa, um carro desgovernado bate na sua traseira e ela entra em um desfiladeiro. Lá, ela tem um encontro inesquecível, e essa mudança afetará sua vida muito mais do que ela poderia um dia imaginar.

-Bom dia!
É segunda-feira, e meu pai espia pela fresta do meu quarto documentando seu sorriso contagiante e despertando-me antes do início de meu dia. Meu despertador me acordou, e enquanto eu ainda me preparo para mais um alvorecer dos pássaros ao longe, deixo o som gostoso bater em meu ouvido daquele modo afetado e clandestino. Ressoando uma música sensual do Guns N’ Roses, o bom timbre que atravessa meu tímpano me enraivece, mas me faz sorrir, e lembro, ainda em instância de acordar, que este foi o motivo por eu me apaixonar pelas belas manhãs de flores rosáceas e amarelas que cascateiam da minha janela como plumas de bênçãos no inverno.
Pego o aparelho entre meus dedos, tamborilando os dedos sobre sua superfície fria com maestria. Eu, Roberta Campanaro, que fui deportada pelos meus avós do Reino Unido ainda na barriga de minha mãe, e para quem o Axl Rose sempre canta tão divinamente, chamando-me de doce menina e levando-me aos céus de minha imaginação, compreendo que é segunda-feira e o mundo lá fora me espera. Quero me esconder debaixo do cobertor, mas giro, suave e fofo, o lençol para o lado. Ergo a cabeça milimetricamente. O sol já se infiltra entre o vão de minha janela, e descubro que o dia, novamente, já reinou para mim e o resto da humanidade.
“Certo. Não para os japoneses, afinal, eles estão indo dormir..”
Outra risada atravessa minha face. Que coisa magnífica poder acordar assim! Mas, lembro-me incontida, preciso levantar, vestir-me, e até ajeitar o cabelo razoavelmente e tirar as marquinhas de sono de meu rosto icônico, meu ônibus já estará me esperando longe da minha esquina. Desavença.
Levanto rapidamente. Olho-me no espelho e sorrio pela terceira vez. Até não estou tão em desagrado comigo. Sinto-me bonita, mesmo com os cabelos arrepiados, mesmo com o bafinho que sinto de minha voz, e o pijama de coelhinhos amarelos saltitantes que cola em meu corpo toda vez que decido levantar.
Sinto-me estonteante, e até o momento em que cato a escova em meio ao emaranhado de bagunça que atravessa meu quarto, e escovo meus cabelos com suavidade, tenho certeza de que tenho razão disso. Sorrio para mim no reflexo do espelho e vejo que não só meus dentes claros, mas meus olhos estão brilhando. Arrisco sussurrar baixinho que estou linda. Coro. Isso não é normal em mim. E lembro-me mais uma vez que preciso me apressar.
Vou rapidamente até o banheiro. A loção recém usada de meu pai paira no ar, e tento imaginar o quanto eu desejaria que o de um namorado também pairasse. Balanço a cabeça, esquecida, e lembro-me furiosamente que isso jamais será possível.
-Acorda, Roberta. Isso é humanamente impossível de te acontecer.
E eu sei as razões disso, embora tenha que enxugar novamente com força e raiva as lágrimas que sempre insistem em despencar. Enxugo meu rosto severamente com a toalha e uma raiva cresce dentro de mim, e enquanto abaixo meus coelhinhos até meus pés, sinto que minha urina vai se ejetar rapidamente. Apresso um pouco a descida da calcinha e o faço deliciosamente no vaso. Quando me dou conta do tempo que estou apreciando essa maravilhosa sensação, tiro o restante de minha roupa, me esquivo de minha calcinha totalmente e arqueio as mãos para trás, soltando maquinalmente o fecho da minha lingerie rosada. Tento não pensar que talvez venha a corar de vergonha de mim mesma.
Entro no box, e o vapor que sai do chuveiro me toma por completo. Ahh, que sensação maravilhosa... Procuro o sabonete com os olhos fechados, enquanto sinto a água molhar minha pele, corpo e alma totalmente. Em minhas mãos, toca um vestígio quase inexistente de glicerina. “Ótimo, ninguém se lembrou de comprar sabonete.” Tento disfarçar a dor que volta a tomar meu corpo como se fosse uma perseguição incessante, e tento refletir sobre como estava feliz a pouco tempo atrás. Meu pai grita da sala.
-Beta, seis horas!
Puta merda.. Estou atrasada. Meu ônibus passa às seis e dez.
Enxugo a espuma que havia colocado no meu cabelo com um fiapo de shampoo em promoção e esqueço que um dia precisei de um sabonete. Saio correndo dali com a toalha mal enrolada em meu corpo e um fio de água segue os passos que deixei pelo caminho.
Em cinco minutos, estou pronta, mesmo depois de cair duas vezes por cima da toalha e arrancar roupas às avulsas por sobre minha cama. “Você não tem muito tempo para pensar, Roberta. É isto mesmo que irá vestir.” E saio de lá com uma regata verde musgo, uma calça jeans desaforada e uma sandália tão velha que ainda fico me perguntando, já dentro do ônibus apinhados de pessoas que olhavam para meus pés estupefatos, em como ainda a tinha em meu armário.
Jogá-la no lixo seria a primeira coisa que faria quando voltasse para casa. Mas até lá.. Dane-se. Já estou acostumada com isso, e embora me questione em muitas vezes como não consegui ser pouco mais delicada como as outras garotas, lembro-me das razões para ser assim.
Perdi minha mãe aos cinco anos de idade. Sei que não é desculpa, mas é fato. Até ali, o mundo, e inclusive eu, achava que eu tinha salvação. Sim, eu já me dava conta da minha estranheza, e depois que perdi minha mãe, após um surto de tuberculose no trabalho, sei que me tornei ainda pior. Minhas pernas magérrimas e desengonçadas hoje são prova disso, meu jeito e minha dificuldade de lidar com as pessoas. Mais tarde, percebi que meu seio minúsculo também, quando um garoto do 5º ano me disse isso com os olhos efervescentes. Eu não o deixei colocar a mão, e acho que foi por isso que constatou essa franqueza. Minha nossa, eu tinha 11 anos! Onde essas pessoas estavam com cabeça para pensar uma coisa dessas?
Não houve dúvidas: eu me tornei a gozação do colégio, e não houve consolo que pudesse me acalmar.

Embora meu pai não concordasse com isso jamais, e dissesse que eu era a cara de minha mãe, ele simplesmente habituou-se a, toda manhã, preparar o meu sanduíche com duas fatias de pão e duas de queijo e informar-me o horário para trabalhar. Sei que, se não fosse ele, eu naturalmente perderia o horário de meu ônibus quase todas as manhãs e provavelmente já estaria fora do emprego. Mas, às vezes, eu sentia falta de um abraço mais forte dele, e frases que iam além do “São seis horas, Beta”, e do “Aqui está seu sanduíche, meu bem.” Esta era sua forma de me amar, e mesmo que eu soubesse disso, isso me arrancava outras lágrimas em segredo. Meu pais sofrera muito com a perda da minha mãe, e eu via seu rosto lindo toda vez que ele olhava para o horizonte e perguntava por respostas. Eu sabia que ele nunca as encontraria, porque a vida era assim e ninguém jamais tinha conseguido alterar o rumo das coisas."

E aí, o que acharam? Bastante diferente, né?
  


Essa é a vida de quem escreve..hehe 
Gostaram mais da original ou dessa? 
Deixem seu comentário! 


Beeijos,

Vanessa Preuss


domingo, 5 de abril de 2015

QUEM SOMOS NÓS: UMA MENSAGEM DE PÁSCOA

Quem é você?
Muitas vezes você já se fez essa pergunta, não? Pois saiba que questionar-se diante do espelho é muito saudável, um processo importante para o autoconhecimento e amadurecimento. Nos conhecemos ao enfrentarmos momentos bons, ao enfrentarmos momentos ruins, em situações de extremo silêncio, diante de escolhas, perante as mais diversas decisões..
Por isso hoje, Domingo de Páscoa, também serve para questionarmos o que desejamos para nossa vida, o que já fizemos nesse ano que iniciou e -pasmem!- levou consigo quatro meses.. Você foi feliz? Você realizou já parte dos seus sonhos tirados da gaveta no ano novo? Esse texto então é para você..
 
 
Poder se reconhecer no espelho quando se acorda é um privilégio de poucos. Normalmente acordamos e já pulamos para dentro de um moletom ou roupa social, escovamos os dentes, arrumamos cabelo e crianças (para quem as tem), jogamos tudo dentro da sacola e –pá pum- saímos estrada afora. Poucas de nós têm o hábito de refletir um pouco a cada manhã, relaxar ou pensar no dia e no que deseja fazer dele. Ouvi certa vez que Gisele Bündchen, übermodel, gaúcha e mãe de dois filhos, acorda todo dia às 5h30 da manhã para fazer yoga e se preparar para o dia. Com a agenda lotada, quem tem tantas responsabilidades assim pira se não faz uma autoanálise e lista do que precisa cumprir com mais urgência no dia. Na empresa onde trabalho, aprendi a seguir regras diárias de compromissos, e sempre por uma ordem fundamental. Ver e responder e-mails, processar retorno de bancos, ligar para clientes e programar pedidos. O resto vai acontecendo e creditando sua própria importância no dia. Em casa ou na escola, também é assim. Bendito seja quem criou as milagrosas agendinhas, que dão conta  e tudo aquilo que nossa cabeça esquece. Afinal de contas, não somos robôs e não somos perfeitos, mas ficar discutindo hoje não cola mais. Há milhões de aplicativos, pastas e agendinhas (o que eu mais amo) para se organizar.
 
Organizar a vida e a ti mesmo nessa loucura do tempo que voa sem ver e que passa sem conter. Como não podemos controlar o tempo, precisamos nos tornar álibis dele. Para isso, faço sempre uma lista para o ano que sei que posso cumprir (mas que nem por isso entra na zona de conforto, saliento) e coloco mãos à obra. Sou eu mesma (e um pouquinho mais crescida) a cada dia, com meus hábitos e costumes, com minhas origens e meus sonhos, que tornaram-se possíveis a partir do momento que comecei a acreditar em mim. Para isso, aprendi a conhecer meus gostos, minhas peculiaridades (que sim, é diferente de uma pessoa para outra) e meu jeito de ser. O primeiro passo na vida para qualquer pessoa é se conhecer. E nem que você leve anos para isso, pegar todo dia um tempo para refletir sobre ajuda a construir e agregar muito um futuro que você almeja e que -sim!- depende somente de você.
 
FELIZ PÁSCOA a todos, e que esse dia seja recheado de alegrias, bons pensamentos, doces e paz no coração!
 
Um beijo carinhoso e uma maravilhosa semana,
 
Vanessa Preuss
 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

UMA NOVA CHANCE AO AMOR


Casualmente ele chegou. Você voltava de outra. Entrava e saía das bacias de chocolate como quem piscava o olho, e não agüentava mais ficar na posição em que estava. Você engordou dois quilos já. O ex continuava na mesma. Tudo bem, afinal de contas, você estava muito magra correndo atrás de quem não te queria. Pegou um tempo para si ao invés de sair com as amigas. Não necessitava sair agora, e no fundo- vamos ser francas- nem queria. Foi uma escolha sua. Você precisava para refrescar a cabeça, acalmar os ânimos, refrear a vida. E o que dela seria sem ele? Como conviver em meio a lençóis vazios quando tudo que você mais precisava no mundo era de companhia? Conversa? Carinho?
Sua mãe morava longe, mas, mesmo que os conselhos delas fossem verdadeiros, eles não levantariam seu ânimo. Ele se foi. Ele não volta mais. E você por enquanto quer esquecer que tem uma vida, um mundo lá fora, uma dor iminente no peito. Quer se deixar arrastar pelos dias como quem também um dia foi deixada por um amor atirada à rua, e agora em meio a bacias de pipoca e comédias de solteironas recém abandonadas. Se deleita, relaxa, esquece de escovar os cabelos. O bafinho ficou na sua boca. Vixe.. As amigas não podiam te pegar no flagra.
Quando elas te vêem nessa situação, você é abraçada, consolada, repreendida. É chamada de linda, tem o cabelo estonteante, está perdendo todas as chances que tem de ser mais feliz por alguém que não te merecia. E você se entrega. Se entrega, mas não concorda. Quer ficar ali em frente ao seu Cine Pipoca esquecendo da vida, curtindo o gozo das férias no desapego do amor próprio, pois é tudo que te resta. Mas elas são suas amigas. Claro que não te deixariam fazer isso. Elas vão te arrastar até o fim dos tempos para debaixo do chuveiro, para ruas polidas, eventos, fofocas e festas maravilhosas.


Elas vão te ajudar a comprar roupas novas, secas e limpas, bem diferente das suas. Tudo bem, tudo bem. Você levanta as mãos. Você se veste e se arruma, mesmo a contragosto. Você promete devolver na mesma moeda pecaminosa a vergonha, a falta de bom senso e de amor próprio. Mas, surpresa! Depois de uma sessão torturante que você quer esquecer pelo resto de seus dias, você se sente pouco melhor. Ok, se sente ótima, até um pouco mais desinibida.
Você ficou bonita. Olhou para o espelho e quase caiu de costas, não sabia o que era um pó na cara a tempos. Está bonita, esbelta, bem maquiada. Mas, francamente, ainda assim não deseja sair. Você não tem mais quinze anos, não tem mais o pique da adolescência, nem liga tanto para mensagens que podem piscar na tela verde-clara do celular dizendo coisas incríveis para você.
Você tem quase trinta. A idade auge para decidir o que se quer. Para atestar seu livre árbitro, para ser dona do próprio nariz, comprar e imobiliar o apartamento. Tudo bem, você até pode sair. É solteira e desimpedida, claro, se não fosse a maldita dor no peito. Se não fosse sua sã escolha de ficar em casa, sozinha, mal arrumada.  Mas as amigas vieram. Acabou o sossego.
Você mostra o sorriso amarelado de consolo para você mesma. Você vai sair. Esquecer por um segundo as sessões de como ser uma solteirona feliz, e como treinar o autoestima dentro de quatro paredes, apenas com Prince em seu colo. O gato felpudo agora é o único homem que você deseja. Mas, hoje, contrariando sua vontade, Prince vai ficar solteiro. E você vai à balada solteira. Então, você engole o choro como quem engole um sapo. Pensa na vida, na mãe, nos tempos de diversão e bebidas. Quem sabe a velhota aqui pode voltar a se divertir, não?
Não e sim. Claro, você sabe que tudo depende de ti. Então deixa de ser pessimista e apenas aceita em silêncio a ajuda das amigas. Elas te querem bem. São como fadas: você fecha os olhos e, quando abre- pá pum!- está modificada. Unhas feitas, maquiagem perfeita, cabelo em ordem. Tudo liso, tudo perfumado, tudo equilibrado. Há um salto de 15 cm em seus pés e você não sabe mais o que é isso a tempo. Tudo bem, você consegue. Imprime e gruda um falso sorriso no rosto, segura as mãos no descanso do carro, olha para fora, para a massa de gente e a noite iluminada como uma árvore de Natal e sim, para a boate onde você vai se divertir.
Você entra e acontece. Um homem aparece. E nada é por acaso, diria o destino. Você o viu já na entrada, mas estava focada demais nos saltos para o reparar de cima a baixo. Santinha, e não é que o bicho é mesmo bonito? Sua cabeça zune. A música parece tão alta.. Céus. Que idade você tem mesmo?
Ah, você entende. Você não quer. Não quer estar nem aí, não acredita nessas coisas bobas ditas pelos seus pais e avós. Ele é lindo, mas você perdeu um homem e não serve mais para isso. Não sabe nada de amor, está pouco ligando para a química perfeita. Você nunca gostou dessa matéria igual, ora bolas.  Porém, apesar de você desviar os olhos, ele não desgruda. Ao contrário, ele gruda os olhos em ti a noite toda, não pisca e seu coração começa a bater acelerado. Você está constrangida, nervosa, e enrola os dedos no cabelo como uma colegial. Puxa vida, o que está acontecendo? Isso não era para acontecer. Você não quer se envolver mais com os homens. Suas noites de sexo acabaram, você sequer soube direito o que era prazer. Mas aí ele se aproxima. Sua voz desmancha sua espinha já no primeiro ato, seu sorriso imobiliza seus braços, sua voz desaparece no ato. Calma. Muita calma nessa hora. Você freia fundo como quem desvia de um buraco e repete a si mesma que não. Não é hora de se envolver. É sim, hora de se precaver. Você está velha para joguinhos de amor, oh céus!
Então puxa o decote para cima e tenta parecer dispersa. Quer sumir na multidão. Porque ele não escolhe outra?



Ah, droga. A atração. Ele encontrou isso em ti, o maldito sentimento que faz reluzir pessoas na multidão. Há algo em ti que só ele viu, então ele pediu para pegar sua mão, dançou, falou coisas divertidas.
E você parou. Podia ser simples e fácil, mas para você ainda doía. Havia uma ferida aberta no peito, coçando, saracoteando junto com as batidas do teu coração. Como um punhal de dois cumes que atravessa o peito, como uma faca, um alicate. Feria e machucava. Ainda machuca. Você não podia ser tão inconseqüente assim, podia? Se jogar nos braços de outro será que ajudaria?
Você desconfiava que não. Tinha quase certeza que não. Bom, talvez sim, mas você era (e continua) teimosa. E está nervosa. Sabe que não adianta se fechar para o mundo como se ele tivesse culpa de tudo, quando a culpa é tão subjetiva e não nos leva a nada. Sabe que a grande maioria das coisas mudam na vida. Sabe que aparecem peças novas e personagens inusitados, e normalmente por alguma razão.  Ficar aí sentada no canto destroçando seu coração não resolve nada, não é?
Quem dera se fosse. Então, você abre os olhos. Põe um sorriso de leve no rosto, e diz que sim. Estende a mão à ele, e quem sabe ele te faça sorrir mais vezes. Ele já te fez sorrir uma vez. Quem sabe tu saias e converse com ele, troque mensagens, combinem um sorvete. Quem sabe ele acenda uma luz na tua vida e te faça perceber o quanto tu é importante.
Ou talvez nada não passe dessa noite, mas isso é algo que você só vai saber se tentar. E se nada der certo no fim, você tem a você mesma e um punhado de amigas para voltar a ser feliz. E (ora bolas) quem disse que você não pode ser feliz antes? Você pode voltar a olhar filmes e dormir com Prince, mas também a se divertir, colocar uma saia colorida e sair. Pode e deve criar ambições, uma meta para alcançar, dias de folga e noites de sonhos para sonhar. Tem as pernas para agir e uma vida inteira para acreditar.
A única coisa que não deve é desistir do amor ou da vida. Um dia, qualquer dia, ela vai te visitar e transformar tudo aquilo que você acreditava em algo completamente novo e surpreendente. Basta você querer.

O que acharam do texto? Não esqueçam de comentar, hein?

Ótima quinta-feira a todos!

Beijos, <3

Vanessa Preuss

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

LISTA PARA 2015: COMO ESTÁ SENDO SEU COMEÇO DE ANO?


Todo início do ano é sempre a mesma coisa. E que bom.

Meu primeiro dia no ano novo foi recheado de coisas boas, e desde que voltei de viagem da minha terrinha natal fiz pote dos sonhos, listinha com todos os meus desejos para este ano, promessas e mais promessas.

Como cumpri muitas que eu sonhava em 2014 (que foi um ano espetacularmente bom para mim!), resolvi ser legal comigo mesma e fazer o mesmo em 2015. Quer ver?


Aqui ou no outro lado do mundo, acho que a coisa mais bacana é arregaçar as manguinhas e colocar no papel tudo aquilo que não sai de sua cabeça, em busca da realidade.
Além de ser divertido, fazer isso é super recomendado, sabia? Porque somado à facilidade de você focar mais naquilo que está no papel- e de preferência grudado na porta do seu armário- você nunca esquece das razões pelas quais você está aqui. (E nem me fale da euforia de poder riscar a meta depois. Você se sente imponente, né?)
Por isso, sempre falo que se você quiser cruzar o continente, trocar de emprego e realizar seu sonho, tudo depende de você.


Pois bem. E como toda garota ambiciosa (e eu sou sim uma super delas), tenho um milhão de sonhos. No entanto, para não me atrapalhar tentando realizar cada um deles, determino o que é prioridade para cada ano e foco nele! Em 2015 - como esperado- a maioria dos meus desejos e acabaram se voltando para divulgação do meu livro “A Garota de Greenwich”. Para quem não sabe nada sobre ele, pode descobrir muitas coisinhas aqui e aqui. Como ele está baby ainda, pipocando e trazendo retornos muitos positivos nesse pouco tempo de vida, não paro de pensar um minuto nele e a meta de 2015 é levá-lo ao mundo, já começando pelo bairro de casa. Iupíí! (Esse é o lado bom de cidades pequenas, todo mundo te incentiva.. rs)

Com todo esse pique que venho tendo,  superar meus próprios limites em relação às minhas metas acabou por me tornar uma pessoa ainda melhor e mais determinada.
O bacana é que, apesar de eu olhar insistentemente na lista as partes que dizem respeito à minha carreira de escritora (e isso inclui aceitar todo convite para entrevistas e feiras também..rs), percebo que há outros que apenas continuam sendo os singelos apelos dessa  garota sonhadora.
Poder compartilhar com vocês, além de ser super desafiador, nos capacita e quase obriga a cumpri-las de fato. E quem aí disse que não vou?


Dá só uma olhada:

-Dar minha primeira palestra;

-Participar de todas as feiras do livro da região;

-Divulgar e vender muitoo meu livro;

-Aperfeiçoar meu blog;

-Me alimentar melhor;

-Cortar refrigerantes (e to conseguindo!)

-Fazer mais vídeos;

-Lançar dois(!) novos livros;

-Guardar R$20.000,00 até dezembro (e suar muito a camisa!)

-Viajar pela primeira vez de avião;

-Ver mais o por-do-sol;

-Inspirar pessoas;

-Sorrir sem motivo;

-Ouvir muita música (e ficar mais em silêncio quando não for necessário falar);

-Ter novas primeira vezes (a de 2014 foi minha primeira tatuagem e primeiro corte de cabelo curtinho..hehe);


-Dormir bem;

-Orgulhar mamãe e papai..(Rs);

-Pintar toda semana as unhas (e parar de roer quando bate o nervosismo);

-Comemorar cada vitória e data importante;

-Aproveitar bem o tempo;

-Dançar mais, ir a lugares novos;

-Arriscar e sonhar ainda mais.


           O primeiro de muitos!

E aí, o que acharam? Essa é minha lista dos sonhos e já estou correndo atrás dela. Qual é a sua? Alguma meta se parece com a minha?

Beijocas,

Vanessa Preuss

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

CRÔNICA DE UM QUARTO BAGUNÇADO


Certo dia, eu entrei em casa e dei de cara com o quarto bagunçado. Lençóis enrolados sobre a cama, coberta no chão, papel para fora das gavetas. Arregalei os olhos, coloquei uma mão na testa, verifiquei o pulso e as meias no canto da cama. Sim, eu estava bem, apesar do susto, e ignorei os célebres livros abertos sobre os travesseiros que riam de mim. O que diabos era aquilo? Onde e de que maneira eu havia deixado isso assim? Eu estava absorta.
Algum espertinho entrou e bagunçou tudo sem eu perceber? Cravei as mãos umas nas outras.
Ah, é claro. Só podia ser isso. Alguém veio, passou como um furacão e jogou tudo pro ar. Cantou músicas capiróticas, deixou a loucura bater, depositou no coitado do meu quarto, meu templo sagrado, todo seu ódio.
Quanta ousadia!
Até então, minha vida era totalmente organizada, planejada, eu sequer ousava ter algo fora dos eixos. Eu nunca faria isso. Faria? Então olhei com tensão para minha mão. Dentro dela, a chave do meu apartamento. Estivera todo tempo comigo. Eu não podia acreditar. Corri para o porta chaves secreto dentro do cadeado atrás do quadro da sala.. Estava a cópia lá.
E ao meu redor, tudo fora da zona tempestuosa de meu quarto estava bem.. e organizado. Nada sumiu. Nada quebrou, ou saiu do lugar. Quem estivera ali então?
Mais: quem faria isso somente no meu quarto?
                                                  SOCORRO!

Fui raciocinando até perceber algo claro. Meu quarto era meu templo e eu já tinha dito isso diversas vezes. Era meu depósito de sonhos, metas, desejos e fracassos abandonados. Quarto de ambições. De suspiros, algemas às quais eu me amarrava, prendia e poucas vezes soltava. Porque tinha virado nisso então?
Eu não queria falar, mas –sim!- eu estava com vergonha dele agora. E de mim. Quem o tinha deixado assim fui eu. Quantas vezes eu percebi o quanto meu quarto refletia meus sentimentos? E o quanto eu costumava bagunçar e reclamar deles ao invés de agir por mudanças e melhorias de fato?
Nosso quarto é nossa vida. Cada coisa fora do lugar é uma peça da nossa vida que também precisa ser ajeitada. Não por nada que Bill Gates disse certa vez em uma entrevista para jovens: “Antes de querer conquistar o mundo, tente primeiro arrumar seu quarto.”
Muitos de nós apenas imaginamos que o importante é sair para o mundo e fazer acontecer. Claro, também é. Mas primeiro, precisamos olhar para dentro de nós. Para o nosso quarto interno, e ver o quanto ele pode estar sendo bagunçado. Como iremos conseguir conquistar o mundo se sequer percebemos o quanto temos que mudar interiormente? Se sequer pegamos uma vassoura para varrer o superficial e focar no que realmente importa?

Precisamos aprender a primeiro organizar nossa vida pelos meios mais simples. Limpe seu quarto. Arrume a cama. Feche as gavetas e dobre os papéis. É um método simples no qual a gente insiste em complicar.
Tire os lençóis, ponha-os para lavar e guarde as meias no lugar. Meus livros foram empilhados na estante junto com os outros desde que aprendi isso, e a partir dessa noite, dormi em lençóis perfumados. Percebi o quanto fizeram bem para mim e minha alma. Eu nunca estive tão organizada em minha vida.  Só depois de limpar sua alma que você pode começar a limpar o mundo em sua volta. Simples e prático assim.

                                    Inspire-se!

Boa semana,

Beijos grandes

Vanessa Preuss